segunda-feira, 28 de julho de 2008

PREJUÍZO: DE QUEM É A CULPA?




Quando escrevi que PETR4 poderia vir a atingir um suporte a R$ 33,00 e que VALE5 poderia buscar o patmar de R$ 37,00 a incredulidade quanto a estas expecativas foi a tônica entre os poucos amigos que acompanham este blog. Pois bem, como os movimentos do mercado são absolutamente imprevisíveis, tudo pode acontecer, inclusive - como mostram os gráficos ao lado - dez semanas seguidas de baixa que levaram os preços destas ações a um patamar 35% abaixo dos topos registrados no mês de maio. É provável que muitos investidores que ingressaram nesses papéis próximos do topo estejam amargando maus momentos ao analisar diariamente as cotações, revoltados contra o mercado que não acompanhou as suas expectativa, contra o corretor que recomendou o papel, contra o banco que emitiu uma recomendação de compra, contra o monitor que exibe a cotação...

Um dos sinais mais nítidos de inexperiência de um investidor é a tendência a culpar um terceiro por suas perdas. Substantivos abstratos estão sempre no topo das listas de bodes expiatórios: o prejuízo é sempre culpa "do mercado", "dos tubas", "dos extrangeiros", como se não estivesse exclusivamente nas mãos do investidor definir um limite de perdas e estancar a sangria quando este limite é atingido. Chega a ser engraçado, pois quando a operação dá certo e o lucro é farto o sucesso é quase sempre creditado ao gênio, ao faro, à habilidade invejável do investidor. No fundo, atribuir o sucesso à nós e o fracasso aos outros é uma fraqueza muito humana, à qual todos tendemos, em qualquer área de atuação.

O problema é que sucumbir a esta fraqueza é pecado mortal para um investidor. Assumir plena e total responsabilidade por todas as suas operações é uma das mais importantes virtudes que um investidor precisa desenvolver caso queira sobreviver e ser bem sucedido no mercado. Identificar os seus erros e evitar repeti-los é uma providência que faz maravilhas com sua conta corrente na corretora. Outra é jamais deixar de definir um limite de perda em cada operação e colocar um stop-loss tão logo a ordem de entrada seja executada. Pense bem: não teria sido ótimo ter caído fora de VALE5 a R$ 54,00, no patamar recomendável de um stop de venda para os que entraram próximos do topo?

terça-feira, 22 de julho de 2008

AS PÉROLAS ESCONDIDAS: MID CAPS E SMALL CAPS



Boa parte dos investidores prefere alocar seus recursos nas ações lideres do mercado, aquelas que movimentam um grande volume de negócios diariamente e que por isso integram a composição dos principais índices. Trata-se de um posicionamento bastante compreensível: estas ações tem uma ampla cobertura de bancos e corretoras, facilidade de entrada e saída em virtude da boa liquidez, um mercado ativo de opções que permitem montar estratégias baratas de hedging, além de serem no geral ações de empresas tradicionais, de grande porte, que transmitem uma maior segurança aparente ao investidor.

Há boas razões, no entanto, para posicionar-se em papéis que estão abaixo do radar da maioria dos grandes bancos e corretoras: as ações de média e baixa capitalização (eu particularmente tenho uma queda especial por elas). Em geral são representativas de empresas mais jovens - mas não necessariamente de lançamentos recentes, quase sempre absurdamente precificados - de porte médiou ou ainda pequeno e que muitas vezes atuam em nichos específicos de mercado. O grande atrativo destes papéis é o fato de que em algum momento de sua história algumas destas empresas - mas não todas, possivelmente nem mesmo a maioria - ingressarão em um ciclo de crescimento acelerado e o preço de suas ações vai explodir. Quando isto acontece, valorizações na casa dos 1000% ou mais podem ser esperadas, como podemos ver nos gráficos mensais acima, representativos da evolução dos preços da Weg e da Marcopolo (quem se importava com elas em 1997 ou 1999?), dois dos casos recentes de sucesso no perfil mid caps.

Quem busca ações mid e small caps está, portanto, em busca de retornos excepcionais sobre o investimento. Mas trabalhar com estes papéis exige o desenvolvimento de uma metodologia operacional própria, que demanda sempre uma perspectiva de investimento paciente, de longo prazo - as vezes de anos acompanhando um papel dormente, que de repente começa a subir extraordináriamente. É preciso também uma metodologia muito apurada de controle de risco na alocação do capital, pois assim como os preços destas ações podem subir muito e rápido, eles também podem cair muito e mais rápido ainda do que sobem. Os que buscarem desenvolver esta medologia - e sinto informar que será uma busca muito solitária, pois "dicas" de colunistas econômicos e conversas com gerentes de banco nem de longe vão ensiná-lo a operar estes papéis - podem estar certos que terão um trabalho muito bem recompensado.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

AS LÍDERES DO MERCADO


Nos gráficos à direita podemos acompanhar o comportamento das duas líderes em volume negociado no mercado brasileiro: Petrobrás e Vale do Rio Doce. Começando pela Vale, observa-se que a atual correção encontrou um suporte situado ao redor de R$ 42,00, que deve ser acompanhado com atenção em virtude de sua fragilidade (note-se que no final de janeiro deste ano ele já foi perfurado uma vez e logo em seguida foi brevemente testado uma vez mais). Eventual rompimento deste suporte pode sinalizar uma precipitação para níveis ao redor de R$ 37,00 - uma antiga resistência relativamente forte, que deve resultar em um suporte mais sólido do que o atual, caso os preços desçam a estes níveis.
No que toca à Petrobrás, nota-se que a correção foi menos intensa, porém uma vez rompido o nível de preços da última resistência - ao redor de R$ 42,00 - o gráfico indica um suporte mais sólido apenas no nível próximo a R$ 33,00. Em favor de PETR5, porém, a indicação de volume declinante durante a correção, o que levanta a possibilidade dela vir a ser menos drástica do que indica o próximo nível de suporte.
Tanto Vale quanto Petro refletem no seu comportamente a configuração gráfica do Índice Bovespa, como não poderia deixar de ser em virtude do peso que ambas possuem no mesmo (as duas, somadas, respondem por cerca de um quarto do índice). Ambas estão, portanto, no meio de uma correção de maior intensidade, porém a tendência ainda é de alta.

domingo, 6 de julho de 2008

IBOVESPA vs. DOW JONES



No primeiro gráfico semanal ao lado, podemos observar um cenário atualizado para o compotamento do índice Bovespa, que na última semana retornou definitivamente para os limites da área de congestão cuja resistência havia sido rompida no início de maio. A situação permanece indefinida, pois apesar da severidade da correção - quase quinze mil ponto em cinco semanas - graficamente observa-se que não há ainda uma tendência de queda devidamente caracterizada. Chamo a atenção também para o volume negociado em constante declínio ao longo da correção, o que pode indicar que ela está próxima do esgotamento. Observo, por fim, que o panorama atual do mercado brasileiro é bem diferente - e para melhor - em relação ao mercado norte-americano, como pode-se notar no segundo gráfico, do índice Dow Jones. Vê-se que o Dow estabeleceu uma tendência de queda ao fechar abaixo do fundo formado pela correção do mês de novembro de 2007 e esta tendência acentuou-se nas últimas semanas, sem sinais de esgotamento e muito menos de reversão, muito embora um repique corretivo - tal qual o que se seguiu de março a maio últimos - não seja de se descartar no curto prazo.