No primeiro gráfico à direita temos o gráfico semanal do IBOV, mostrando que os preços fecharam o mês de agosto no limite superior do canal de baixa que está balizando a correção iniciada em junho. Por isso mesmo a primeira semana de setembro merece um acompanhamento mais atento, pois um eventual rompimento do canal de alta no semanal poderia ser um primeiro indicativo do final da presente correção. É com a perspectiva do semanal em mente que estamos observado também com atenção o comportamento das cotações no gráfico diário - postado à direita logo abaixo do semanal. Observa-se que no diário os preços já romperam o limite superior do canal de alta e não é de se descartar que que venham agora a testar sua antiga resistência. Chamo a atencão especialmente para o padrão de reversão que parece estar em formação: a) formou-se o último fundo; b) seguiu-se o repique corretivo; c) uma nova queda formou um fundo superior ao que precedeu o repique e d) em novo repique de alta formou-se um topo superior ao topo anterior. Para confirmar o padrão reversivo falta apenas um fechamento acima do topo "b". Se vier a ocorrer - mesmo levando em conta a maior incerteza das sinalizações formadas no diário - já será outra luz no fim do túnel para os que aguardam uma retomada da alta.
Hoje retomo assuntos que já foram abordados em outros dois posts: as oportunidades que o mercado oferece em papéis que se encontram escondidos abaixo do radar dos principais analistas: ações que estão fora do índice Bovespa, de empresas de média ou baixa capitalização de mercado. No primeiro gráfico podemos observar a tendência de alta nos papéis da Bardella S/A, empresa do setor metal-mecânico, cujas ações deram início a uma forte tendência de alta no início de 2006 e que até o momento não apresenta sinais de esgotamento, muito embora o afastamento dos preços em relação à LTA sugira que o papel possa estar próximo de uma correção. Note-se que o comportamento dos preços de BDLL4 não guarda qualquer semelhança com o IBOV, tanto que a sua valorização acumulada neste ano já atinge a marca dos 106%. Caso semelhante ocorre com Celesc PNB. A estatal de energia catarinense tem apresentado comportamento parecido com o de suas congêneres no setor, que se reflete no IEE ( comentado no nosso último post). No gráfico podemos observar a tendência de alta que se desenvolve desde setembro de 2003 e que neste ano já foi responsável por uma alta de mais de 12% no preço do papel (nada espetacular quanto comparado à Bardella, mas ainda assim um desempenho invejável se o padrão de comparação forem as "Blue Chips" do Ibovespa...). CLSC6 está em um ponto graficamente interessante, sustentando-se exatamente sobre o suporte dado pelo LTA após uma leve correção que, no mais, seguiu o comportamente geral demonstrado pelo setor de energia nas últimas semanas. Merece acompanhamento.
Diante das quedas generalizadas nos preços dos principais papéis componentes do índice Bovespa (seguem alguns números medidos a partir do topo histórico: VALE5, -39,72%; PETR4, -39,14; USIM5, -43,74% e GOAU4, -34,22 ) a LTA que vinha sustentando a tendência de alta desde maio de 2004 foi rompida nas últimas semanas, como podemos observar no primeiro gráfico. Um dos elementos que chama a atenção em todo o movimento de queda do principal indicador do mercado brasileiro é a concentração das vendas nas empresas ligadas ao mercado de commodities (especialmente ferro, petróleo e aço), justamente aquelas com maior peso na formação do índice. A boa notícia é que em altuns setores - ao menos por enquanto - a correção tem sido bem menos pronunciada. É o que se observa no segundo gráfico, que mostra a evolução do Índice de Energia Elétrica (composto por papéis do setor de energia), onde apenas na última semana houve um movimento mais forte de vendas que levou-o a romper a LTA que vinha sustetando a sua alta desde maio de 2004. Ainda assim o tombo de -9,65% foi muito mais suave do que os -26,62% do IBOVESPA, indicando que uma estratégia de alocação focada exclusivamente nas "Blue Chips" do índice principal não é necessariamente uma boa escolha em momentos de adversidade.
No primeiro gráfico semanal à direita podemos obserar a evolução dos preços do petróleo crú no mercado à vista, desde fevereiro de 1999. A tendência de alta no preço desta commoditie, que se estabeleceu em definitivo depois da superação do topo de US$ 36,00 em março de 2004, sofreu uma significativa aceleração a partir de janeiro de 2007, permitindo o traçado de uma LTA que a tem amparado desde então. Note-se que a recente correção, a qual trouxe os preços de US$ 147,00 para U$$ 116, atingiu a área de suporte no encerramento do pregão da última sexta-feira, daí a importância de acompanhar a formação de preços nos próximos dias, pois ainda é cedo para avaliar se a queda nas últimas semanas sinaliza de fato um esgotamento da tendência de alta. Um indicador importante no mercado de commodities é a diferença entre o preço à vista e o preço para entrega futura de uma mercadoria, chamada BASE. Em condições normais, o preço futuro é mais elevado do que o à vista em virtude dos custos de carregamento (estocagem, juros, seguro, etc.) incorridos até o vencimento do contrato, todavia quando a demanda por um bem sobe acima da oferta o preço da mercadoria à vista pode superar o preço para entrega futura - ou, de modo análogo, o preço de um contrato com vencimento mais próximo pode ficar mais caro do que o vencimento mais distante - e com isso a BASE torna-se negativa (base invertida, no jargão do mercado). O segundo gráfico, logo acima, demonstra exatamente este fenômeno no mercado de petróleo crú. Ali está plotada a BASE semanal desde 11/05/2007, calculada pela diferença entre os preços de fechamento à vista e para entrega em Setembro/08. Vê-se que em vários momentos, sobretudo a partir de julho de 2007 a base está negativa, o que é condizente com um mercado de demanda aquecida além da capacidade de oferta.
Ao lado temos o gráfico semanal em escala logarítima do índice Bovespa até o fechamento da última sexta-feira, dia 01/08. À direita observa-se claramente a correção que desde o final de maio trouxe o índice para próximo da linha de tendência que oferece suporte ao atual ciclo de alta. Desde maio de 2004 esta LTA já foi testada em cinco ocasiões e em todas ofereceu um suporte a partir do qual os preços retomaram a tendência principal de alta. O fechamento da última sexta-feira próximo a este importante nível de suporte demanda atenção dos investidores para o comportamento do IBOV nos próximos dias, pois a chegada dos preços a estes níveis e a efetiva contenção da queda nas proximidades da LTA - sobretudo quando acompanhada por uma constante redução no volume negociado, como a que ocorre desde o início de junho - pode ser um primeiro indicativo de que a atual correção está próxima do esgotamento.