quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

AQUECIMENTO GLOBAL E SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

No hemisfério norte, a cobertura de gelo sobre o ártico alcança níveis semelhantes aos da década de setenta e vários países da Europa e da América do Norte estão congelando no inverno mais rigoroso registrado nas últimas décadas. Do outro lado da esfera plantária, nós aqui no sul do Brasil estamos presenciando um verão que já nos brindou com mínimas bem abaixo de 10ºC e geadas (para ser preciso, 4.6º C foi a mínima em São Joaquim no último dia 06/01) em cidades serranas do RS e SC. Aqui mesmo em Porto Alegre, o verão tem sido excepcionalmente ameno, em alguns dias com a temperatura oscilando entre 13º e 25º C. Nem parece que estamos em pleno aquecimento global... Bem, a julgar pelo intenso debate sobre o assunto nos círculos acadêmicos especializados, pode ser mesmo que não estejamos em pleno aquecimento - há até uma probabilidade razoável de estarmos, isso sim, ingressando novamente em uma daquelas fases de resfriamento climático pelas quais o planeta periodicamente passa.

Vários pesquisadores sérios e respeitados na área da meteorologia vêm alertando, já a alguns anos, que a chamada teoria antropogênica do aquecimento global (i.e., de que a atividade humana seria a principal causa desse fenômeno) está longe de ser uma certeza cientificamente comprovada. O argumento central desses pesquisadores (aliás, muito bem apresentado em um documentário exibido pelo britânico Channel 4 - "The Great Global Warming Swindle" - em bom português, "A Grande Fraude do Aquecimento Global") é que variações cíclicas em fenômenos naturais fora do controle humano, como a circulação das correntes oceânicas e os níveis de atividade solar, influem muito mais nas variações de temperatura do globo - que passa, alternada e naturalmente, por fases de aquecimento e resfriamento - do que o conjunto de atividades praticadas pelo ser humano. Obviamente, não espere ver essa discussão retratada na grande mídia, muito menos na brasileira. A cultura politicamente correta que domina boa parte das redações não permite que certas "causas" sejam questionadas (qual foi mesmo a última vez que você viu um jornalista questionar seriamente as histerias alarmistas de um eco-chato? Não vale dizer que foi na reportagem de Veja de algumas semanas atrás: a desinformação e os erros factuais ali apresentados seriam de fazer corar um estagiário de redação, como bem demonstrou o meteorologista Alexandre Aguiar em post no blog da Metsul Meteorologia.).

Mas enfim, que faz uma discussão sobre meteorologia em um blog financeiro? Ora, para quem não sabe, a BOVESPA lançou no final de 2005 o Índice de Sustentabilidade Em
presarial - ISE. São elegíveis para compor a carteira do ISE (máximo de 40 papéis) ações de "empresas com reconhecido comprometimento com a responsabilidade social e a sustentabilidade empresarial". Dentre os critérios de aferição da responsabilidade social e sustentabilidade empresarial, encontra-se o impacto ambiental das atividades da empresa, privilegiando-se, é claro, aquelas que demonstram menor impacto ambiental. Apesar do intuito de marketing "boa praça" me parecer evidente na criação desse índice, se assumirmos que a aferição de sustentabilidade é feita com seriedade, será possível utilizá-lo para comparar o desempenho das cotações desse segmento de empresas com o desempenho do mercado como um todo e buscar aí um indício no sentido de verificar qual é o impacto de preocupações sócio - ecológicas sobre as cotações.


Mãos à obra, portanto. O primeiro gráfico acima é o gráfico semanal, em escala logarítmica não-indexada, do IBOV. Nota-se que de dezembro de 2005 até o pico de maio do ano passado o índice subiu aproximadamente 128%. Do pico até o valor do fechamento de hoje (dia 28/01), perdeu aproximadamente 45,5% do seu valor. O ISE, por sua vez subiu aproximadamente 129% desde sua criação em dezembro de 2005 (com base 1
000) até o pico atingido em maio de 2008 e na correção que se segue perde até o momento 49,8%. Levando-se em conta que a amostragem é por enquanto bem reduzida - pouco mais de dois anos de movimentos de preço - o que dificulta conclusões mais sólidas, os primeiros indícios são de que não há grande diferença no comportamento dos preços das ações componente do ISE em relação ao mercado como um todo, logo os investidores não teriam qualquer vantagem ao montar suas carteiras selecionando apenas ações componentes desse índice. Agora, teriam a desvantagem de reduzir o pool de possíveis investimentos, já que não mais de 40 ações podem integrar o Índice de Sustentabilidade. E para quê? Tranqüilizar suas consciências ecológicas e contribuir para o futuro das próximas gerações? Diante das evidências em contrário à teoria antropogênica do aquecimento global, esse não parece ser um critério muito sólido para a montagem de uma carteira, para não falar na aparente ausência de racionalidade financeira...

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