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sábado, 25 de julho de 2009

SEGUNDA LINHA EM MOVIMENTO

A semana foi movimentada - para mim, também fora do mercado... Na bolsa, muito movimento no meu segmento favorito: os papéis de segunda linha. Não foi fácil selecionar os papéis para a análise dessa semana, tal a profusão de boas oportunidades que surgiram ou se consolidaram, mas acabei selecionado três das ações que estão permanentemente na minha lista de acompanhamento para comentários, sempre em gráficos semanais e não indexados.

Começo com ETER3, que na última sexta-feira rompeu com força uma distribuição lateral que vinha se desenvolvendo desde o início do mês de maio. Vê-se que após o fundo de R$ 3,16, o papel entrou em uma clara tendência ascendente, c
uja confirmação ocorreu com a ultrapassagem do patamar e R$ 5,52, em março deste ano. Após a rápida subida, Eternit ingressou em fase de consolidação que deu origem a uma bem organizada distribuição lateral. Em geral observa-se na análise técnica que há uma probabilidade maior do papel romper a distribuição no sentido da tendência que a precedeu - no caso, de alta - e quanto mais longo o período de consolidação maior tende a ser a amplitude do movimento que se segue. As próximas semanas demonstrarão a amplitude do movimento de alta de ETER3, mas os sinais iniciais são otimistas: não só o rompimento da resistência foi feito com volatilidade elevada, como houve também um nítido aumento do volume negociado.

Em situação bem semelhante à Eternit, temos FESA4. Observando o movimento dos preços nos últimos dois anos e meio, vemos que este papel fez um clássico movimento parabólico, praticamente quadruplicando de valor entre fevereiro e junho de 2008, para em seguida ingressar em uma tendência de baixa igualmente intensa. Em seguida, a tendência de baixa dissolveu-se em uma distribuição lateral que formou um forte suporte na faixa de R$ 5,45 e resistência na a faixa de R$ 5,86. A superação desse patamar no final do mês de março deste ano apresentou uma primeira oportunidade de entrada no papel. Uma segunda oportunidade apresenta-se agora, pois na última sexta-feira FESA4 rompeu a resistência situada na parte superior da distribuição lateral que vinha se desenvolvendo desde meados do mês de maio, em uma pausa natural no movimento de alta iniciado em março. Aqui também o breakout dá todos os sinais de ser sério: rompimento da resistência com alta volatilidade e volume financeiro em elevação, ainda que discreta.

Por fim, um dos meus papéis favoritos já a alguns anos, em virtude da enorme amplitude dos seus movimentos: IDNT3. Observa-se no gráfico que IdéiasNet vem se movimento dentro de um canal de alta de longo prazo bastante dilatado. Recentemente, após tocar a LTA que funciona como base do canal, na faixa de R$ 1,86, o papel ingressou em novo ciclo intermediário
de alta, cuja fase inicial foi confirmada pela superação da resistência situada na faixa de R$ 2,39. Como sempre ocorre em uma tendência estabelecida, pausas marcadas por uma distribuição lateral vão ocorrendo ao longo do caminho - vide os exemplos acima - fornecendo boas oportunidadades de entrada, sob a perspectiva de risco X retorno. No caso de IDNT3, a distribuição assumiu o formato de "flâmula", com a porção superior sendo superada na semana passada, em um movimento de alta volatilidade e com volume financeiro crescente. Ressalto que não sou muito adepto do emprego dos formatos "bandeira" e "flâmula", pois sua confiabilidade não chega a ser das mais elevadas, mas uma entrada mais conservadora e com maior probabilidade de sucesso pode ser feita na superação do topo recente situado nos arredores de R$ 3,60. Reparem, por fim, que o potencial de alta é elevado, pois hoje a LTA que demarca o topo do canal está passando pela região próxima a R$ 15,00.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

FUTUROS

Já faz algum tempo que incorporei à minha rotina de acompanhamento três contratos negociados via WebTrading no pregão da BMF&F e agora pretendo postar comentários periódicos sobre sua evolução.

Começando por WINFUT (índice futuro), que em linhas gerais segue - como era d
e se esperar - a evolução dos preços do seu ativo-base, o Índice Bovespa. No momento, segue no curso de um repique corretivo, tendendo a buscar a LTA que sustenta o repique. Embora eu tenha uma predileção por trades de logo prazo, pegando uma tendência de alta no início e me mantendo nela (se possível aumentando continuamente a posição) até que surjam os primeiros sinais de esgotamento, no caso do WINFUT essa estratégia só se tornará viável depois de completada a segunda etapa de baixa, que deve vir na seqüência do atual repique. Até lá, é mais prudente relizar trades com horizonte temporal mais curto, entrando vendido quando a cotação se aproxima do topo do canal e revertendo para compra quando ela se aproxima da LTA.

Em seguida temos WBG (boi gordo), que no momento também se presta a trades de curto prazo - para quem estiver estranhando essa recomendação vinda de um trend-follower, aviso que nos mercados futuros as oportunidades de curto prazo costumam ser bem mais recompensadoras do que em ações, em virtude da alavancagem e dos custos de corretagem muito mais baixos. Observa-se que as cotações continuam a oscilar dentro de uma distribuição lateral favorável ao "pingue-pongue": entrar vendido após um teste mal sucedido da resistência, nos arredores de R$ 89,00, e depois cobrir a venda e entrar comprado nas proximidades do suporte, situado nos arredores de R$ 77,00. Se você acha que a diferença não é lá grande coisa, saiba que o contrato de Boi Gordo é aquele com maior alavancagem financeira dentre todos (desse jeito até parece que são muitos...) os disponíveis no web-trading. Considerando a cotação de fechamento da última sexta-feira (R$ 82,49 por arroba) e a margem de manutenção fixada em R$ 150,00 por contrato de 33 arrobas, temos uma alavancagem financeira de respeitáveis 18:1.

Por fim o Dólar Futuro, que não apresenta maiores novidades, exceto pelo fato de ter encontrado um sólido suporte no patamar de R$ 1,94. No mais, a situação mantém-se indefinida, pois a continuação do movimento de baixa nas cotações depende da superação do suporte acima mencionado, ao passo que não temos ainda um indicativo de reversão rumo à uma nova tendência de alta. É possível também que a cotação da moeda acabe estabelecendo por algum tempo uma distribuição lateral, semelhante àquela de WBG. Por enquanto, todavia, nada a recomendar, além de paciência para aguardar uma definição.

sábado, 27 de junho de 2009

IBOV & DJI

Nos mercados de ações e derivativos, a praxe no comportamento dos preços é de que estes não subam nem caiam linearmente. Tanto os ciclos de alta de longo prazo quanto os de baixa são entremeados por correções e repiques que se movimentam em sentido contrário ao da tendência principal. O interessante é que em virtude das carcterísticas fractais do comportamento dos preços no mercado, também os repiques e correções são entremeados por movimentos em sentido contrário. Essa constatação é a chave para a compreensão da análise que faremos do IBOV e do DJI, pois ambos os índices estão em pleno repique intermediário, no meio de uma correção em suas tendências de longo prazo.

Começamos pelo IBOV. Podemos observar no gráfico ao lado (semanal, não in
dexado e em escala logarítmica) as etapas do ciclo de alta de longo prazo que antecederam o início da correção intermediária pela qual estamos passando. Observe-se, em primeiro lugar, que a atual correção, assim como aquela que a precedeu (entre maio e setembro de 2006), foram anunciadas com antecedência por claras divergências de baixa no MACD (pontos 1 e 2). Em junho de 2008 ingressamos na primeira etapa da correção: a baixa que nos levou até o fundo de 29.435 pontos, praticamente tocando a LTA da tendência de longo prazo. Em seguida teve início o repique corretivo que levou o índice até os 55.300 pontos. Obviamente, a pergunta é: e a partir de agora? Podemos observar que desde o início do repique já tivemos uma correção significativa, entre fevereiro e março de 2009 e agora temos uma segunda correção em curso. Ainda não é possível saber se esta segunda correção é o marco final do presente repique e no momento não me parece possível fazer uma projeção minimamente confiável. De um lado o MACD indica que o repique ainda possui uma força residual, a qual pode levá-lo à superação dos 55.300 pontos, de outro, essa segunda correção mais acentuada nos indica que o término do repique pode estar próximo. Sugiro aguardar para ver se os movimentos das próximas semanas esclarecem um pouco mais o quadro: se o índice perder os 49.100 pontos é bem possível que continue a cair, por outro lado, se superar os 55.300, o repique deve prosseguir por mais algum tempo - mas, acredito, não por muito mais tempo. De qualquer modo, a hora é de cautela e de muito discernimento na colocação do stop-loss e do trailing stop.

Em relação ao Dow Jones, notamos que a forte correção iniciada em outubro de 2008 foi também precedida por uma divergência de baixa no MACD.( ponto 2). Ao
contrário, todavia, do nosso índice, o atual repique corretivo do DJI foi previamente anunciado por uma fortíssima divergência de alta (ponto 2). No momento, o índice norte-americano parece estar ingressando na primeira correção mais intensa deste repique, que, em princípio não causa maiores preocupações, pois o MACD indique que ele ainda possui um bom torque remanescente. Evidentemente, o indicador técnico apenas auxilia a interpretação dos dados de preço e volume, assim, uma eventual retomada do repique intermediário do Dow só estará confirmada caso o índice ultrapasse a barreira dos 8.700 pontos.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

ELÉTRICAS

No post da semana passada fiz uma análise de três índices setoriais: INDX, ITEL e IEE, comparando o seu desempenho com o do mercado em geral. Destes, o IEE foi aquele cujo comportamento mais surpreendeu, pois recentemente ele superou o seu topo histórico com níveis crescentes de volume. Isso me levou a prestar mais atenção nos papéis do setor de energia, inclusive naqueles que não integram o índice setorial. Como era de se esperar, observam-se movimentos muito interessantes no setor e foi relativamente fácil selecionar os três papéis que serão comentados aqui no blog.

Começamos com CMIG3, papel cujo topo mais recente foi formado em maio de 2007. A partir daí, Cemig ON ingressou em uma prolongada correção que parece já ter completado suas três etapas clássicas: um primeiro movimento de baixa que se estendeu do topo até o patamar de R$ 18,00, atingido em março de 2008. Em seguida tivem
os o repique corretivo que levou os preços até o patamar de R$ 25,00, atingido em junho de 2008. Por fim, o derradeiro movimento de baixa que formou o fundo recente do papel em R$ 16,00. A partir daí, chamo a atenção para dois fortes indicativos do encerramento da correção: a formação de um fundo duplo entre outubro de 2008 e fevereiro de 2009 e - na minha opinião, até mais significativo - uma divergência de alta no MACD, a qual se formou entre o primeiro fundo (em março de 2008) e o segundo (em outubro de 2008). Ao que tudo indica, portanto, temos uma sólida retomada na tendência de alta de longo prazo do papel, a ser definitivamente confirmada pela eventual superação do topo histórico de R$ 31,00.

Em estágio mais avançado da retomada de uma tendência de alta de longo prazo, temos GETI4 - Aes Tietê. Vemos que após atingir um topo relevante em junho de 2007 a ação ingressou em uma longa e algo irregular distribuição lateral, aliás, muito característica de papéis que experimentam uma alta consistente, seguida por uma pausa que ao contrário de indicar um encerramento da alta precedem, isso sim, uma nova retomada. O comportamento de GETI4 parece até um exemplo de manual de análise técnica desse padrão. O papel superou em definitivo a resistência situada nos arredores de R$ 15,00 em fevereiro de 2009. Atualmente, chamo a atenção para o volume financeiro crescente que acompanha a renovada tendência de alta, inclusive tendo-se atingido um pico recente de volume durante a última semana. No MACD, tanto a linha de sinal, quando a linha MACD propriamente, estão indicando que o torque da tendência de alta é muito forte, o que aliado ao indicador de volume leva-nos a crer que estamos ainda nas etapas iniciais da retomada.

Por fim um dos papéis mais adiantados na alta generalizada do setor elétrico: C
ELPE PNA - CEPE5. Trata-se de uma ação de baixíssima capitalização bursátil - nas última quatro semanas foram registradas apenas 37 operações com o papel. Esta ação vem seguindo uma bem ordenada tendência de alta, entremeada por correções de mediana duração e intensidade. A última delas - entre maio e outubro de 2008 - foi precedida por uma tripla divergência no MACD, a qual vinha se formando desde novembro de 2007. Ao contrário do que seria de se esperar diante de um sinal de baixa tão significativo, a correção não foi das mais violentas - foi muito branda até -, pois o papel perdeu pouco mais de 25% do seu valor o topo e fundo da correção. É um fato muito significativo, pois indica uma elevadíssima confiança dos comprados que sustentam a tendência de alta de longo prazo. Pois bem, retomada a alta, a partir de novembro de 2008, o papel vem fazendo novos topos de maneira muito consistente. Atualmente, o sinal de alerta é dado pelo MACD, que está ensaiando a formação de uma nova divergência de baixa, a qual pode marcar o encerramento da primeira etapa da retomada, o que não impede de o mantermos em atento acompanhamento para aproveitar novas oportunidades de entrada.

sábado, 16 de maio de 2009

DOW JONES e IBOVESPA

Já expliquei aqui neste blog que um dos aspectos chaves da minha técnica de investimento é que quando se toma decisões baseadas em pura análise técnica, a simplicidade é sempre uma grande aliada. Não chego a ser um fã incondicional da arquitetura moderna (não peçam minha indelicada opinião sobre as obras de Niemeyer), mas reconheço que Mies van der Rohe tinha lá suas boas razões para considerar que less is more - princípio que sigo ao pé da letra quando se trata de análise técnica. É por isso que meus leitores não encontram neste blog análises diárias e intraday: opero apenas no longo prazo, onde sinais de AT são muito mais seguros e permitem que as tendência realmente relevantes sejam capturadas. É por isso também que eles não encontram uma profusão de linhas de tendência, bandeiras, candles e mais mil e um indicadores técnicos sobrepostos ao gráfico.

Meu uso de indicadores técnicos é circunspecto. Jamais os utilizo para gerar sinais de entrada e saída, apenas como auxílios para interpretar os movimentos de preço, e é assim que vou proceder no post dessa semana. À esquerda temos o gráfico semanal - como sempre, não indexado e em escala logarítmica - do Índice Dow Jones. A novidade é que adicionei ao gráfico meu indicador de tendências favorito: o Moving Averages Convergence Divergence, vulgo MACD, um dos mais antigos e confiáveis indicadores da análise técnica. Uso o MACD para detectar divergência no gráfico semanal, as quais indicam possíveis pontos de esgotamento e reversão de uma tendência, como no ponto 1, onde os preços continuam a fazer novas altas enquanto e o indicador falha em acompanhá-las, gerando uma claríssima divergência de baixa. Aqui o indicador fez jus à fama de confiabilidade: a divergência foi nada mais nada menos do que o primeiro sinal da onda de baixa que teve inicio, no mercado norte- americano, em meados de 2007. Observa-se sinal semelhante no ponto 2, onde os preços continuam a fazer novos fundos, ao passo que o indicador falha em acompanhá-los, gerando uma divergência de alta que foi a primeira sinalização concreta de que um repique corretivo de maiores proporções estava próximo.

No Brasil, vemos a mesma dinâmica em ação no gráfico semanal do IBOV. O ponto 1 assinala uma enorme divergência de baixa que foi se formando entre outubro de 2007 e maio de 2008, a qual marca o início da correção técnica de grandes proporções pela qual estamos passando. Notem, todavia, que o indicador, embora confiável quando bem utilizado, não é dotado das propriedades mágicas de uma bola de cristal. O esgotamento da primeira - e possivelmente a mais severa - etapa de baixa dentro da correção, não foi marcada por uma divergência de alta, havendo apenas a confirmação - aliás, algo tardia, com é praxe em indicadores de tendência - dada pelo cruzamento da linha de sinal. É por isso que um indicador não pode ser tomado como substituto do acompanhamento da movimentação das barras de preço - a boa técnica de AT recomenda que primeiro se analise os movimento de preço e volume e depois se agregue um indicador para auxiliar na interpretação desses movimentos.

sábado, 9 de maio de 2009

SERÁ MESMO QUE O PIOR JÁ PASSOU?

Diante das recentes altas no Índice Bovespa, muitos amigos me perguntam por que insisto em caracterizá-la como um mero repique intermediário e não como a retomada da tendência de alta de longo prazo. O argumento sobre o qual, no mais das vezes implicitamente, apóia-se o questionamento é de que "o pior já passou" e, portanto, já estaríamos presenciando uma retomada consistente. A razão para o meu ceticismo é que dadas as premissas da análise técnica, é muito improvável que já tenhamos chegado ao fim da correção no mercado de ações. Explico: os ciclos de alta são entremeados por freqüentes correções de variada intensidade e é comum que as correções mais intensas sejam elas própria entremeadas por repiques altistas. Embora eu não seja adepto da contagem de ondas, é um fato observável que que as correções tendem a se desenvolver em três etapas: 1) uma primeira queda; 2) um repique intermediário de média intensidade e 3) mais uma queda que pode, inclusive, levar os preços para um fundo abaixo daquele formado pela primeira.

Se observarmos o gráfico mensal - em escala logarítmica e não indexada - do IBOVESPA, veremos claramente que o nosso mercado está passando por uma forte correção que, em sua primeira etapa, o trouxe para as proximidades da linha de tendência que marca os fundos formados ao longo do presente ciclo de alta de longo prazo. A análise técnica observa as oscilações dos preços para tentar identificar padrões de comportamento dos investidores, os quais tenham tendência a se reproduzir. Neste sentido, é muito reduzida a probabilidade de que a presente alta prossiga e supere o topo de 73.500 pontos sem antes passar por uma nova queda. É reduzida, porque a análise do histórico de comportamento dos mercados nos indica que as correções mais severas tendem a seguir o padrão de três etapas acima explicado.

Vamos ilustrar esse padrão com um exemplo tirado do nosso próprio
mercado: a correção ocorrida entre agosto de 1997 e maio de 1998, ainda nas fases inicias do atual ciclo. Observe-se o primeiro gráfico - semanal, não indexado e em escala logarítmica - , que mostra o topo de 14.005 pontos, atingido em maio/97, logo seguido por uma correção que formou um fundo em 7.560 pontos (-46%), patamar a partir do qual o IBOV ingressou em uma congestão lateral que rapidamente deu lugar à uma alta que o levou praticamente até os 12.000 pontos.

E depois? Depois se seguiu uma nova queda (terceiro gráfico), neste caso, ainda
mais violenta do que a primeira, a qual formou o fundo definitivo da correção à 4.575 pontos (- 63% em relação ao topo). Obviamente, não estou afirmando que tais números percentuais vão se reproduzir no cenário atual, apenas que a análise técnica faz suas estimativas amparada em analogias com eventos similares ocorridos no passado. Dessa feita, dados os padrões que costumam se formar nas correções similares à que estamos vivenciando, é no mínimo uma perigosa ingenuidade descartar sem mais nem menos a hipótese de estarmos em meio a um repique corretivo da tendência de baixa.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

SEGUNDA LINHA EM REPIQUE

Os leitores que acompanham este blog a mais tempo já conhecem minha preferência por investir em ações que não integram o Índice Bovespa - os chamados papéis de segunda linha - de preferência no segmento de small e mid caps. Para que está disposto a pesquisar e a pensar por conta própria, este segmento oferece as melhores oportunidades de retorno sobre o capital investido, não sendo raros, em uma tendência de alta, casos de papéis que duplicam, triplicam ou quadruplicam de valor em poucos meses. O fato de estes papéis estarem, em regra, fora do radar dos bancos e grandes corretoras é, ao contrário do que se imagina, uma grande vantagem para o investidor independente, pois facilita o aproveitamento das inúmeras oportunidades que surgem neste segmento.

Por falar nelas, vamos prosseguir com a análise de três papéis q
ue estão permanentemente na minha lista de acompanhamento: WEGE3, ETER3 e CREM3, todos em gráficos semanais não indexados, em escala logarítmica. Em primeiro lugar, observamos o exemplar pivot de alta no papel da Weg - até parece saído de um bom manual de análise técnica! O volume financeiro em crescimento constante nas semanas que antecederam o rompimento do patamar de R$ 13,00 - fato que sinalizou a consolidação do repique - chama especialmente a atenção, pois indica um maior comprometimento dos investidores com o movimento de alta, o qual deve ainda ter um bom fôlego pela frente.

A situação não é muito diferente em Eternit, papel que v
em apresentando extremos de volatilidade desde julho de 2007. Esta volatilidade reflete-se na formação do pivot de alta do papel que atingiu sua mínima mais recente na faixa dos R$ 3,15, ponto a partir do qual teve início um movimento de alta que o levou até os R$ 5,15. Este patamar foi superado na primeira semana de março, confirmando-se, assim, o repique de alta. Note-se, porém, que o volume financeiro tem se mantido muito baixo, o que aliado à alta volatilidade - a qual demanda a colocação do stop loss a uma distância maior do ponto de entrada - reduz a atratividade do papel para investidores que - como este escriba - adotam um perfil mais conservador no gerenciamento de risco.

Por último, vemos o repique recém confirmado nas ações da Cremer
, papel que terminou a fase mais aguda da sua correção após fazer um fundo duplo entre outubro de 2008 e março deste ano - tão claro que também parece ter sido tirado de um manual de análise técnica. Aqui não se pode descartar completamente a possibilidade do segundo fundo ter marcado o final da correção, mas preferimos, por precaução, trabalhar ao menos por enquanto com a hipótese de que está em curso um repique e não uma novo ciclo de alta sustentável à longo prazo. Repique ou alta sustentável, o fato é que o sinal de confirmação para entrada veio com o rompimento do patamar de R$ 9,76 na última semana de abril, sendo preocupante apenas o baixíssimo volume financeiro que o impulsiona.

domingo, 26 de abril de 2009

FUTUROS - MINI na BM&F

Em tempos de baixa nos preços das ações, é natural que muitos investidores desse mercado (no Brasil chega a ser irônico fazer menção a "muitos" investidores - nem 2% da população opera com ações...) comecem a procurar alternativas para a alocação do seu capital. A maioria acaba optando por alguma modalidade de renda fixa enquanto aguarda uma melhora nas condições do mercado acionário. No geral, para quem soube sair na hora certa - i.e. no início do movimento de queda - não chega a ser uma má estratégia, pois no mínimo garante-se a manutenção do valor real do patrimônio. A questão é: no limitado leque de alternativas à disposição do pequeno e médio investidor brasileiro, há alternativa melhor, que permita um efetivo ganho de capital? Sim, há: trata-se da negociação de contratos futuros- mini via sistema WebTrading no pregão da BM&F.

Quatro contratos podem ser negociados neste sistema. Dois de derivativos financeiros - Índice Bovespa Mini (WIN) e Dólar Futuro Mini (WDL) e dois de derivativos agrícolas - estes com menor liquidez - Boi Gordo Mini (WBG) e Café Mini (WCF). Todos os contratos possuem prazos de vencimento pré-estabelecidos (no caso do WIN, por exemplo, o vencimento ocorre nos meses pares, na quarta-feira mais próxima ao dia 15 do mês de vencimento), o que exige atenção do investidor, pois os contratos em aberto são automaticamente encerrados no dia do vencimento e caso queira-se prosseguir na operação é necessário abrir uma nova posição. Apesar das opções de investimento ainda bastante restritas e da instabilidade do sistema da BM&F, que volta e meia gera problemas na colocação de ordens, existem duas vantagens nada desprezíveis na operação com os futuros mini: 1ª - Eles permitem uma grande alavancagem financeira e 2ª - É tão fácil operar na ponta compradora quanto na ponta vendedora, ou seja, o investidor ganha uma flexibilidade operacional inimaginável para quem opera apenas na BOVESPA.

Exemplificando com um contrato de Índice Mini. Cada ponto da cotação do Índice vale R$ 0,20 de modo que tomando uma cotação de 47.000 pontos, cada contrato futuro de índice mini vale R$ 9.400,00. Agora, o investidor não precisa depositar os nove mil e quatrocentos reais para adquirir ou vender um contrato, pois a BM&F exige apenas o depósito de uma margem de garantia de R$ 1.600 reais para cada contrato operado, seja na ponta comprada, seja na ponta vendida. Isso equivale à uma alavancagem de 5,8x. Imagine que você abre uma posição na ponta vendedora a 47.000 pontos e a encerra dentro de algumas semanas a 42.000 pontos (com o contrato valendo R$ 8.400,00). Você ganharia, descontadas as taxas de corretagem, pouco menos de mil reais - um ganho de 60% sobre os R$ 1.600 depositados como margem de garantia. Logicamente, inverte-se a operação em uma tendência de alta: ao invés de vender, compra-se um contrato.

Vê-se como a alavancagem é um potente fator de multiplicação dos ganhos, mas antes de se deixar levar pela empolgação é preciso observar o outro lado da moeda, pois assim como os ganhos, também as perdas são potencializadas. De fato, a taxa de mortalidade dos investidores em mercados futuros costuma ser mais alta do que no mercado de ações e a despeito das precauções das bolsas de futuros e das corretoras no que toca as exigência de margem, não é incomum a ocorrência de blow ups ( o investidor simplesmente perde tudo o que colocou na operação) motivados pela excessiva empolgação aliada à completa ignorância de metodologias de controle de risco. Portanto, futuros não são um mercado que se recomende para investidores que ainda não possuem uma sólida metodologia de trabalho e uma bem desenvolvida disciplina operacional - desenvolva-as primeiro operando em ações, onde o prejuízo é bem menor.

Há bem mais o que falar sobre os mercados futuros e suas especificidades, mas são assuntos para posts vindouros , pois vamos encerrando com uma rápida análise do comportamento recente do WDL, cujo gráfico semanal em escala não indexada encontra-se aqui ao lado. Observa-se o bem ordenado movimento de queda do dólar que se iniciou em maio de 2005 e terminou em junho do ano passado, com a chegada da crise internacional à economia brasileira. Seguiu-se um brusco movimento de alta, que levou a moeda até seu topo mais recente em R$ 2,78, atingido em janeiro do presente ano. A partir de então se formou uma congestão lateral com um suporte situado nas proximidades de R$ 2,22, o qual foi rompido no final de março. No presente, a moeda oscila entre R$ 2,25 e R$ 2,18, sendo provável que o eventual rompimento deste último patamar leve o dólar à níveis ainda mais baixos


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

THE MISBEHAVIOR OF MARKETS

A característica mais peculiar de um gênio científico é a sua capacidade de tirar conclusões objetivas, precisas e inéditas sobre como um determinado aspecto da realidade funciona. Pense nas obras de Copérnico,de Newton ou de Einstein como ilustrações dessa capacidade única e rara. Raríssima, na verdade: devo me considerar muito premiado, pois em trinta e dois anos de vida, e em apenas um terço dela mantendo vínculos acadêmicos constantes, já tive o privilégio de conhecer pessoalmente uma pessoa que pode aspirar a essa classificação. Além da escassez, outra característica marcante de boa parte dos gênios - tão marcante que chega a compor o estereótipo - é a dificuldade que seus insights inovadores encontram em ser aceitos pelo establishment "bem-pensante", especialmente quando contradizem as verdades estabelecidas e zelosamente guardadas por aqueles que fazem carreira explorando-as.

Para não fugir ao figurino, esse roteiro tem sido rigorosamente seguido quando se trata de falar em BENOIT MANDELBROT, um dos maiores gênios matemáticos do século XX e deste que se inicia (pois ele ainda está bem vivo), cuja imensa curiosidade levou-o a explorar as mais diversas áreas da ciência: física, computação, hidrologia, biologia, psicologia e - felizmente para nós - finanças. MANDELBROT vêm se debatendo a décadas contra as premissas que embasam a moderna teoria financeira, a começar pela tão estimada hipótese do mercado eficiente, e em 1980 publicou a primeira edição de uma obra inteira dedicada ao tema, muito apropriadamente intitulada The Misbehavior of Markets (hoje na terceira edição, bastante atualizada em relação à primeira). Sua compreensão dos mercados está amparada em um ramo da matemática que foi praticamente criado por ele: a geometria fractal. De acordo com a própria definição de MANDELBROT, fractal "é uma forma geométrica irregular ou fragmentada, que pode ser separada em partes, cada uma das quais é (aproximadamente) uma cópia reduzida do todo". É possível obter uma compreensão intuitiva de um fractal observando as duas figuras ao lado. Primeiro o "Conjunto de Mandelbrot", um fractal que vai se reproduzindo indefinidamente, assumindo as mais imprevisíveis e espetaculares formas. Apesar disso, note que a cada vez que se altera a escala espacial do fractal - cada vez que se faz um zoom em qualquer de suas partes - acabamos encontrando uma figura semelhante ao todo. O segundo exemplo é o "floco de neve" de von Koch. Observe como uma única forma geométrica, o triângulo eqüilátero, vai se reproduzindo para formar uma figura parecida com um floco de neve. O interessante é que se fracionarmos esse floco inúmeras vezes até chegar novamente a um único triângulo, veremos que suas partes, em qualquer nível de fracionamento, são incrivelmente semelhante ao todo. Observe também que em ambos os exemplos, as figuras geométricas são altamente irregulares e, com efeito, um dos mais freqüentes usos práticos da geometria fractal é a mensuração de quão turbulento e irregular é um objeto sob análise. Formas fractais abundam na natureza, por isso a análise de suas propriedades matemáticas é extremamente útil para modelar fenômenos naturais e para obter uma melhor compreensão das propriedades particulares dos fenômenos analisados, como por exemplo, a formação geográfica de uma área litorânea, a turbulência da atmosfera no meio de uma tempestade ou a concentração de jazidas de petróleo no subsolo.

Pois bem, o primeiro insight importante de MANDELBROT na área financeira ocorreu em 1961 quando ele resolveu analisar as variações de preço do algodão em um espaço temporal de 100 anos e se deu conta que o comportamento dos preços desse ativo em nada se assemelhava à uma distribuição normal, conforme prescrita pela "Hipótese do Mercado Eficiente": a variância era altamente irregular e cada dado novo inserido alterava seu valor; grandes e imprevisíveis "saltos" nas cotações tornavam impossível reduzi-las a uma modelagem estatística amparada na curva de Gauss. Em outras palavras: os dados empíricos disponíveis contradiziam as premissas que apoiavam o mainstream da ciência das finanças. A variação de preços tinha, isso sim, propriedades matemáticas muito semelhantes às de um fractal:
  • A formação dos preços parecia guiada por uma power law, com alguns poucos dias de trading em um determinado ano concentrando a maior parte das variações positivas ou negativas;
  • Além de bruscas, as variações de preço do algodão eram muito imprevisíveis, uma imprevisibilidade análoga à imprevisibilidade das formas geométricas que vão surgindo conforme um fractal complexo se desenvolve;
  • Não importa a escala de tempo utilizada - diária, semanal, mensal - as mesmas propriedades eram observadas em qualquer delas, do mesmo modo que a parte se parece com o todo em um fractal geométrico;
Ao longo de anos de pesquisa, MANDELBROT confirmou estas constatações observando as variações de preços de outras comodities e também de ações e índices. A partir daí desenvolveu uma compreensão heterodoxa - e por isso mesmo muito realista - do funcionamento do mercado financeiro, que com característico bom-humor ele resume nas suas 10 Heresias das Finanças:
  1. Os mercados são turbulentos. As variações de preços apresentam propriedades escaláveis, que as fazem propensas à grandes e bruscas variações.
  2. Os mercados são muito, muito perigosos. Mais perigosos do que a teoria financeira ortodoxa imagina. Aqui temos uma conseqüencia da primeira heresia: a turbulência é perigosa, ela provoca giros imprevisíveis e repentinos nas cotações. É muito difícil prevê-la, difícil de se precaver contra ela e mais difícil ainda de lucrar com ela.
  3. Fazer o timing do mercado é importantíssimo. Grandes perdas e grandes ganhos concentram-se em curtos períodos de tempo.
  4. Os preços freqüentemente dão saltos, não planam. Isso aumenta ainda mais o risco. O padrão de formação de preços nos mercados não é um padrão contínuo, como uma suave curva em gráfico cartesiano de livro-texto. Os preços saltam e "gapeiam" para cima e para baixo o tempo todo.
  5. Nos mercados, o tempo é flexível. Os mercados deformam a percepção de tempo, cuja passagem parece se acelerar em momentos de grande volatilidade - mercado rápido - e se torna mais lenta em momentos de baixa volatilidade - mercado 'sedado'.
  6. Os mercados em todos os lugares em todas as épocas funcionam de maneira parecida. MANDELBROT acredita que todos os mercados possuem uma atividade interna endógena, i.e, um nível de atividades que independe de fatores externos para atuar - pense em um market maker, por exemplo - que exerce influência sobre a formação dos preços. Essa atividade endógena seria a raiz da invariância em algumas características de funcionamento dos mercados, as quais são observáveis em qualquer período histórico e em qualquer local.
  7. Os mercados são inerentemente imprevisíveis e as bolhas especulativas são inevitáveis. A mesma escalabilidade responsável pela turbulência no mercado é um elemento importante na formação de bolhas especulativas, afinal, se as variações de preço são selvagens e imprevisíveis, quem garante que depois de subir 1000%, uma ação não possa subir mais mil? É tão imprevisível quanto a possibilidade de voltar à estaca zero.
  8. Os mercados iludem. Investir o rico dinheirinho apenas com base em padrões de análise gráfica é coisa para os corajosos, pois é fácil sermos enganados pela nossa tendência natural de procurar padrões em tudo o que vemos. O mercado é especialista em nos enganar, formando padrões que no mais das vezes se revelam como ouro de tolo quando tentamos explorá-los sistematicamente.
  9. Prever os preços pode ser perigoso, mas você pode estimar as probabilidades da volatilidade futura. A análise empírica demonstra que grandes variações de preços - para mais ou para menos - tendem a ser seguidas por novas grandes variações. Do mesmo modo, pequenas variações tendem a ser seguidas por outras pequenas variações. Isso indica que a volatilidade tende a se agrupar em clusters que, ao menos no curto prazo, podem ser antecipadas.
  10. Nos mercados financeiros, a idéia de "Valor" tem valor limitado. De acordo com MANDELBROT, a imensa dificuldade em avaliar objetivamente o valor intrínseco de uma empresa, de uma comodity ou de uma moeda, torna a noção de "Valor" muito pouco útil para operar o mercado. Ao invés do valor, o móvel principal das ações do mercado é a arbitragem, a exploração de diferenças relativas de preços no tempo e no espaço. A operação de arbitragem não leva em conta um valor intrínseco, procura apenas detectar disparidades e se aproveitar delas para gerar lucro.
Qualquer trader com razoável experiência de operação nos mercados financeiros já teve ter percebido intuitivamente algumas dessas características apontadas por MANDELBROT, mas ele leva esse conhecimento a um patamar muito mais elevado, através do estudo e da análise metódica e sistemática do modus operandi dos mercados financeiros, sempre a partir de dados reais e não das premissas imaginárias e freqüentemente falsas (porque contraditórias com os dados fonecidos pela realidade) que amparam o grosso da atividade acadêmica nessa área. Como o próprio autor reconhece, até agora a geometria fractal aplicada às finanças ainda não descobriu uma maneira prática e segura de ganhar dinheiro no mercado, mas ao menos permite que tenhamos uma visão mais precisa de seu funcionamento, o que aumenta nossa probalidade de não sermos arrasados por ele. Não é pouca coisa na época em que estamos vivendo.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

AQUECIMENTO GLOBAL E SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

No hemisfério norte, a cobertura de gelo sobre o ártico alcança níveis semelhantes aos da década de setenta e vários países da Europa e da América do Norte estão congelando no inverno mais rigoroso registrado nas últimas décadas. Do outro lado da esfera plantária, nós aqui no sul do Brasil estamos presenciando um verão que já nos brindou com mínimas bem abaixo de 10ºC e geadas (para ser preciso, 4.6º C foi a mínima em São Joaquim no último dia 06/01) em cidades serranas do RS e SC. Aqui mesmo em Porto Alegre, o verão tem sido excepcionalmente ameno, em alguns dias com a temperatura oscilando entre 13º e 25º C. Nem parece que estamos em pleno aquecimento global... Bem, a julgar pelo intenso debate sobre o assunto nos círculos acadêmicos especializados, pode ser mesmo que não estejamos em pleno aquecimento - há até uma probabilidade razoável de estarmos, isso sim, ingressando novamente em uma daquelas fases de resfriamento climático pelas quais o planeta periodicamente passa.

Vários pesquisadores sérios e respeitados na área da meteorologia vêm alertando, já a alguns anos, que a chamada teoria antropogênica do aquecimento global (i.e., de que a atividade humana seria a principal causa desse fenômeno) está longe de ser uma certeza cientificamente comprovada. O argumento central desses pesquisadores (aliás, muito bem apresentado em um documentário exibido pelo britânico Channel 4 - "The Great Global Warming Swindle" - em bom português, "A Grande Fraude do Aquecimento Global") é que variações cíclicas em fenômenos naturais fora do controle humano, como a circulação das correntes oceânicas e os níveis de atividade solar, influem muito mais nas variações de temperatura do globo - que passa, alternada e naturalmente, por fases de aquecimento e resfriamento - do que o conjunto de atividades praticadas pelo ser humano. Obviamente, não espere ver essa discussão retratada na grande mídia, muito menos na brasileira. A cultura politicamente correta que domina boa parte das redações não permite que certas "causas" sejam questionadas (qual foi mesmo a última vez que você viu um jornalista questionar seriamente as histerias alarmistas de um eco-chato? Não vale dizer que foi na reportagem de Veja de algumas semanas atrás: a desinformação e os erros factuais ali apresentados seriam de fazer corar um estagiário de redação, como bem demonstrou o meteorologista Alexandre Aguiar em post no blog da Metsul Meteorologia.).

Mas enfim, que faz uma discussão sobre meteorologia em um blog financeiro? Ora, para quem não sabe, a BOVESPA lançou no final de 2005 o Índice de Sustentabilidade Em
presarial - ISE. São elegíveis para compor a carteira do ISE (máximo de 40 papéis) ações de "empresas com reconhecido comprometimento com a responsabilidade social e a sustentabilidade empresarial". Dentre os critérios de aferição da responsabilidade social e sustentabilidade empresarial, encontra-se o impacto ambiental das atividades da empresa, privilegiando-se, é claro, aquelas que demonstram menor impacto ambiental. Apesar do intuito de marketing "boa praça" me parecer evidente na criação desse índice, se assumirmos que a aferição de sustentabilidade é feita com seriedade, será possível utilizá-lo para comparar o desempenho das cotações desse segmento de empresas com o desempenho do mercado como um todo e buscar aí um indício no sentido de verificar qual é o impacto de preocupações sócio - ecológicas sobre as cotações.


Mãos à obra, portanto. O primeiro gráfico acima é o gráfico semanal, em escala logarítmica não-indexada, do IBOV. Nota-se que de dezembro de 2005 até o pico de maio do ano passado o índice subiu aproximadamente 128%. Do pico até o valor do fechamento de hoje (dia 28/01), perdeu aproximadamente 45,5% do seu valor. O ISE, por sua vez subiu aproximadamente 129% desde sua criação em dezembro de 2005 (com base 1
000) até o pico atingido em maio de 2008 e na correção que se segue perde até o momento 49,8%. Levando-se em conta que a amostragem é por enquanto bem reduzida - pouco mais de dois anos de movimentos de preço - o que dificulta conclusões mais sólidas, os primeiros indícios são de que não há grande diferença no comportamento dos preços das ações componente do ISE em relação ao mercado como um todo, logo os investidores não teriam qualquer vantagem ao montar suas carteiras selecionando apenas ações componentes desse índice. Agora, teriam a desvantagem de reduzir o pool de possíveis investimentos, já que não mais de 40 ações podem integrar o Índice de Sustentabilidade. E para quê? Tranqüilizar suas consciências ecológicas e contribuir para o futuro das próximas gerações? Diante das evidências em contrário à teoria antropogênica do aquecimento global, esse não parece ser um critério muito sólido para a montagem de uma carteira, para não falar na aparente ausência de racionalidade financeira...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

DOW JONES X IBOVESPA

Não é segredo para quem estuda os movimentos de mercado com um mínimo de seriedade, que uma das teses mais furadas dentre as muitas abobrinhas propagadas pela mídia dita "especializada" é a da correlação existente entre os movimentos do mercado brasileiro e do mercado norte-americano. Basta um rápido lançe de olhos, comparando um gráfico ao outro, para perceber o quão desprovida de fundamentos é a tese da corelação entre o nosso mercado e o norte-americano.

Percebe-se com clareza o caráter independente da formação de preços nesses dois mercados comparando o comportamento do IBOV e do DJI
em perspectiva de longo prazo, abrangendo toda a última década. Vê-se que o Índice Bovespa segue uma clara tendência de alta, iniciada por volta de 1993 e, naturalmente, entremeada de correções que periodicamente trazem o índice para as proximidades de sua linha de suporte. A última dessas correções responde pelo movimento de baixa que estamos presenciando desde junho do ano passado. Nas últimas semanas o principal indicador do mercado brasileiro parece estar confirmando a entrada em um repique intermediário, no qual já é visível a formação de topos e fundos cada vez mais elevados (no que, aliás, reflete o comportamento dos principais papéis que o compõem). É muito improvável que tendência de baixa já tenha se esgotado e possivelmente veremos mais uma forte perna de baixa antes que se instale uma retomada consistente nos preços das ações brasileiras.

Agora compare esse comportamento com o DOW JONES... Vê-se que o indicador norte-americano parece ter formado um enorme movimento de distribuição lateral nos últimos dez anos, entremeando amplos movimentos de alta e de baixa. A resistência na parte superior da distribuição foi momentaneamente ultrapassada entre setembro de 2006 e junho de 2008, porém o nível de suporte tem se mantido - durante toda a década - firme ao redor dos 7400 pontos. Recentemente, depois de uma vez mais buscar as proximidades deste patamar, o DJI parece - ainda é um pouco cedo para afirmá-lo com maior segurança - ter entrado em um distribuição mais estreita, oscilando entre os níveis de 7.900 e 9000 pontos.

domingo, 19 de outubro de 2008

IBOVESPA E DOW JONES



Há duas semanas postei um gráfico do Índice Bovespa que indicava a possibilidade de um retorno dos preços à LTA mensal, por volta dos 30.000 pontos, no curso da presente baixa. Pois bem, nas duas semanas que se passaram chegamos por duas vezes nos arredores dos 33.000 pontos onde o mercado parece ter encontrado - como era de se esperar - um suporte.


A questão agora é saber se este suporte será respeitado e servirá como apoio para um repique corretivo - hipótese que se apresenta provável, uma vez que a baixa iniciada em junho seguiu direto até a LTA, sem repiques intermediários no semanal - ou se será violada - hipótese menos provável do que a primeira, mas ainda assim possível, uma vez que é característico dos ciclos de baixa romperem sem cerimônia as áreas de suporte, uma depois da outra. Os próximos dias deverão, portanto, ser acompanhados com redobrada atenção no mercado brasileiro, uma vez que o eventual rompimento do suporte dado pela LTA pode indicar uma extensão da baixa até o próximo suporte importante, na faixa dos 24.500 pontos, conforme se vê no primeiro dos gráficos ao lado.

O Dow Jones, por sua vez, apresente situação análoga ao IBOV, pois está buscando um importantíssimo suporte situado na faixa dos 7.300 pontos. Note-se no gráfico semanal que este suporte já foi testado por seis vezes nos últimos dez anos, a última na correção que se seguiu ao 11 de setembro, em 2001/02. Novamente, é preciso acompanhar com atenção redobrada o comportamente desse indicador, pois a eventual perda deste suporte pode implicar em um queda de mais mil e quinhentos pontos, uma vez que o próximo nível de suporte relevante encontra-se por volta dos 5.700 pontos.

domingo, 6 de julho de 2008

IBOVESPA vs. DOW JONES



No primeiro gráfico semanal ao lado, podemos observar um cenário atualizado para o compotamento do índice Bovespa, que na última semana retornou definitivamente para os limites da área de congestão cuja resistência havia sido rompida no início de maio. A situação permanece indefinida, pois apesar da severidade da correção - quase quinze mil ponto em cinco semanas - graficamente observa-se que não há ainda uma tendência de queda devidamente caracterizada. Chamo a atenção também para o volume negociado em constante declínio ao longo da correção, o que pode indicar que ela está próxima do esgotamento. Observo, por fim, que o panorama atual do mercado brasileiro é bem diferente - e para melhor - em relação ao mercado norte-americano, como pode-se notar no segundo gráfico, do índice Dow Jones. Vê-se que o Dow estabeleceu uma tendência de queda ao fechar abaixo do fundo formado pela correção do mês de novembro de 2007 e esta tendência acentuou-se nas últimas semanas, sem sinais de esgotamento e muito menos de reversão, muito embora um repique corretivo - tal qual o que se seguiu de março a maio últimos - não seja de se descartar no curto prazo.