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domingo, 23 de novembro de 2008

INDICADORES TÉCNICOS

O pressuposto fundamental da análise técnica é que os temores, as expectativas e o grau de informação de cada um dos milhares de agentes do mercado serão refletidos, coletivamente, no movimento dos preços e volumes negociados. E como a natureza humana comum a todos os agentes é sempre a mesma e invariável ao longo do tempo, é possível discernir padrões nos movimentos de preços e volumes, os quais indicam a tendência do mercado. Naturalmente, a plotagem dos movimentos de preços ao longo de uma escala de tempo é a maneira mais simples de mapear estes padrões e observar o surgimento e o desenvolvimento de tendências, mas a evolução da informática facilitou, ainda no final dos anos 60 e início dos anos 70, o emprego de inúmeras ferramentas estatísticas que recolhem as informações de preço e/ou volume e as transformam em indicadores que auxiliam o investidor a interpretar o que está acontecendo no mercado. (aos interessados nas origens da AT computadorizada, recomendo a leitura da excelente entrevista de Jack Schwager com Ed Seykota, um dos pioneiros na área, em Market Wizards.)

Não custa ressaltar que todos o indicadores técnicos são alimentados pelas informações básicas de preço e volume, as mesmas que se usa para a plotagem do gráfico de barras. Portanto não há nenhuma mágica metafísica por trás daquelas linhas coloridas que cruzam os monitores indicando pontos de compra e venda. São apenas instrumentos técnicos que tanto podem ajudar o investidor a atingir o objetivo de aumentar o seu capital, quando empregados com conhecimento de causa, como podem levá-lo à ruína quando empregados tresloucadamente, sem uma metodologia adequada. Os leitores que acompanham este blog já devem ter notado que não sou particularmente adepto do uso de indicadores. Embora já os tenha utilizado com mais freqüência no passado, hoje prefiro tomar decisões de entrada/permanência/saída com base apenas nos movimentos plotados no gráfico de barras, pois após alguns anos de experimentação descobri que para o meu estilo de trading, less is more. Quanto mais
simples mantenho as coisas, maiores os ganhos e menores os prejuízos.

Apesar de não usar indicadores para definir pontos de entrada e saída, continuo utilizando-os como ferramentas de interpretação do panorama de mercado, sobretudo em relação às tendências de longo prazo, visíveis com mais clareza nos gráficos semanais. Nesse sentido, o meu indicador favorito é o MACD (Moving Averages Convergence-Divergence). Criado nos anos 70 por Gerald Appel, até hoje fornece um dos mais seguros indicadores de reversão conhecidos em AT. Esse indicador tem como base três médias móveis exponen
ciais: de 26 períodos, de 12 períodos e de 9 períodos (esses são os padrões, mas podem ser variados desde que se mantenha aproximadamente a mesma proporção entre eles). A MM-12 é subtraída da MM-26 e a diferença entre elas é plotada como a "Linha MACD", - ou linha rápida. Depois calcula-se uma MM-9 da "Linha MACD" e plota-se o resultado como a "Linha de Sinal" - ou linha lenta.

Na sua interpretação mais básica, o indicador gera um sinal de compra sempre que a linha de Sinal cruza a MACD de baixo para cima; o sinal de venda é gerado quando a linha de Sinal cruza a MACD de cima para baixo. Agora, o que vale realmente a pena observar no MACD são as divergências, especialmente no gráfico semanal. Divergências ocorrem sempre que o indicador falha em acompanhar a tendência de preço: numa divergência de baixa, os preços fazem um novo pico, mas o indicador não acompanha esse pico; o inverso ocorre na divergência de alta, os preços fazem um novo fundo, mas o indicador não acompanha esse fundo. Quase sempre essas divergências são uma sinalização no sentido de ser iminente uma correção mais forte na tendência de alta ( ou de um repique mais forte, no caso de tendências de baixa) ou mesmo de uma reversão.

Podemos observar essa dinâmica em ação do gráfico semanal do IBOV, onde marquei três divergências: 1. A divergência de alta que se formou entre setembro/01 e outubro/02 e que marcou o início da última onda de alta em nosso mercado; 2. A divergência de baixa que se formou entre janeiro e maio de 2006 e que precedeu uma correção moderada dentro da tendência de alta; 3. A divergência que se formou entre outubro/07 e maio/08 e que sinalizou com bastante clareza a fortíssima correção pela qual estamos passando.

domingo, 9 de novembro de 2008

CEDO DEMAIS PARA COMPRAR?

O recente repique corretivo ocorrido no mercado brasileiro leva muitos investidores a questionar se não é o momento adequado para entrar comprando papéis de empresas sólidas mas que foram duramente atingidos pelas vendas iniciadas em maio/junho deste ano. Obviamente, o questionamento parte da premissa implícita de que a tendência de baixa já estaria esgotada e o mercado estaria agora começando a retomar sua tendência de alta de longo prazo. Observando-se o gráfico semanal do índice BOVESPA, vê-se que ele atingiu o objetivo de nossa projeção baixista, vindo buscar a área de suporte dada pela LTA que acompanha o atual ciclo de alta. A partir deste ponto observamos o repique corretivo que se desenvolveu nas duas últimas semanas.

Como sempre, a dúvida é saber se o repique pode ser tomado com uma sinalização de retomada ou se, ao contrário, novas quedas ainda aguardam os investidores. O discernimento entre estas duas possibilidadades exige uma análise objetiva do comportamento dos preços, que procure deixar de lado a ansiedade por puxar o gatilho nas comprar - a qual, no mais das vezes, apenas trai uma "torcida" inconsciente pela retomada. Nesta hora, costumo adotar critérios muito simples e objetivos: se o mercado está fazendo topos e fundos mais altos, temos uma tendência de alta e é hora de entrar comprando; se está fazendo topos e fundos mais baixos, temos uma tendência de queda e é hora de vender e aguardar a reversão. Até agora não conheci ningém que tenha me apresentado critérios mais sólidos do que estes para orientar um discernimento quanto às tendências de mercado.

As sinalizações mais confiáveis são aquelas do gráfico semanal, por isso eu as utilizo para conferir a tendência de longo prazo. Observa-se no gráfico semanal do IBOV que ainda não está clara a formação de topos e fundos mais elevados após o início da atual correção, motivo pelo qual recomenda-se muito cautela aos potenciais compradores. No gráfico diário - que infelizmente nos dá sinalizações de probabilidade menos confiável - a situação é um pouco mais clara, pois vê-se que já se formou um novo topo e um novo fundo mais alto do que o anterior de 29.000 pts. Uma eventual superação do topo de 41.000 pts pode confirmar um repique corretivo de maior intensidade, mas aqueles que desejarem aproveitar-se dele devem lembrar de operar com um stop-loss cuidadosamente posicionado e um trailing stop curto para evitar serem pegos em um renovado movimento de baixa, pois - como afirmei no post da semana passada - o mais importante não é o ponto de entrada, mas o ponto de saída de cada operação.

domingo, 19 de outubro de 2008

IBOVESPA E DOW JONES



Há duas semanas postei um gráfico do Índice Bovespa que indicava a possibilidade de um retorno dos preços à LTA mensal, por volta dos 30.000 pontos, no curso da presente baixa. Pois bem, nas duas semanas que se passaram chegamos por duas vezes nos arredores dos 33.000 pontos onde o mercado parece ter encontrado - como era de se esperar - um suporte.


A questão agora é saber se este suporte será respeitado e servirá como apoio para um repique corretivo - hipótese que se apresenta provável, uma vez que a baixa iniciada em junho seguiu direto até a LTA, sem repiques intermediários no semanal - ou se será violada - hipótese menos provável do que a primeira, mas ainda assim possível, uma vez que é característico dos ciclos de baixa romperem sem cerimônia as áreas de suporte, uma depois da outra. Os próximos dias deverão, portanto, ser acompanhados com redobrada atenção no mercado brasileiro, uma vez que o eventual rompimento do suporte dado pela LTA pode indicar uma extensão da baixa até o próximo suporte importante, na faixa dos 24.500 pontos, conforme se vê no primeiro dos gráficos ao lado.

O Dow Jones, por sua vez, apresente situação análoga ao IBOV, pois está buscando um importantíssimo suporte situado na faixa dos 7.300 pontos. Note-se no gráfico semanal que este suporte já foi testado por seis vezes nos últimos dez anos, a última na correção que se seguiu ao 11 de setembro, em 2001/02. Novamente, é preciso acompanhar com atenção redobrada o comportamente desse indicador, pois a eventual perda deste suporte pode implicar em um queda de mais mil e quinhentos pontos, uma vez que o próximo nível de suporte relevante encontra-se por volta dos 5.700 pontos.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Dias de Pânico: Bovespa a 33.000 pontos?

"Any sudden event which creates a great demand for actual cash may cause, and wil tend to cause, a panic in a country where cash is much economised, and where debts payable on demand are large. In such a country an immense credit rests on a small cash reserve, and an unexpected and large diminution of that reserve may easily break up and shatter very much, if not the whole, of that credit.
WALTER BAGEHOT. Lombard Street.

BAGEHOT até hoje dá nome à uma coluna editoral do pres
tigiado semanário britânico no qual costumava escrever. Estou falando, é claro, da revista The Economist, que na edição da última quinta - feira publicou o que talvez seja a mais precisa e objetiva análise jornalística da crise que se aprofunda diante de nossos olhos. Nestes dias de pânico no mercado financeiro, em que o mundo parece prestes a desabar, é algo consolador olhar para traz - para o século XIX até - e observar que crises de pânico geradas pela falta de liquidez no sistema bancário são tão antigas quanto o capitalismo moderno, que não apenas sobreviveu à elas como delas saiu fortalecido rumo a novos ciclos de extraordinária expansão. A citação que abre este post poderia ter sido perfeitamente extraída do editorial publicado pela Economist no dia 02/10/08, mas eu preferi dotá-la de uma perspectiva histórica mais ampla e por isso retirei-a de uma das obras do mais venerável dos ex-editores daquela revista: retirei-a da terceira edição de Lombard Street - A description of the money market, publicada em maio de 1873! Como se vê, a experiência se repete: um século de crises financeiras várias e milhares de cursos de MBA não nos tornaram nem um pouco mais espertos do que nossos antecessores vitorianos...

Mas chega de falar do passado. No dia em que a BOVESPA rompeu con gusto o suporte situado em 41.000 pts., o que mais nos aguarda no mercado? Quem me conheçe sa
be que não faço previsões, pois estou convencido que fazer previsões sobre o futuro é coisa para charlatões, daqueles que volta e meia aparecem nos intervalos dos programas dominicais (quem não se lembra do Walter Mercado? Quem não se lembra de VALE5 a R$ 90,00 e de USIM5 a R$ 130,00 - garantido! - em dez/08?). O que eu procuro fazer, dentro das humildes limitações humanas que me são inerentes (infelizmente eu não tenho um MBA...), é análisar o mercado com objetividade e, baseado em certas constâncias no comportamento dos investidores, estimar cenários cuja ocorrência nunca é certa, mas apenas provável. Vamos lá então. Ao lado temos o gráfico mensal, não indexado e em escala logarítmica do IBOV. Tracei uma linha de suporte que sai do início do atual ciclo de expansão do mercado acionário brasileiro, iniciado em 1992 e prossegue até hoje. Observe-se que a partir de 2002 houve uma aceleração que levou os preços a se afastarem muito da LTA mensal. O movimento que estamos presenciando é uma aguda correção que está levando os preços de volta a patamares próximos à linha de tendência, que hoje passa por volta dos 33.000 pts. Os preços chegaram próximos à LTA em três ocasiões: em 1995, durante a crise mexicana, em 1998 e início de 1999, com a crise asiática e default russo (em todas o pânico foi agudo, como se pode observar pela volatilidade das cotações) e chegaram a rompê-la brevemente em 2002, na esteira de uma recessão moderada que se seguiu às referidas crises. A tomada de consciência pelos agentes econômicos da gravidade da crise atual (de longe a mais séria dentre as três citadas) está, assim, refletindo-se no comportamento dos ativos no mercado brasileiro e é bastante provável que o suporte dado pela LTA mensal venha a ser testado. É aguardar para ver o que acontece a partir daí.