sábado, 16 de maio de 2009

DOW JONES e IBOVESPA

Já expliquei aqui neste blog que um dos aspectos chaves da minha técnica de investimento é que quando se toma decisões baseadas em pura análise técnica, a simplicidade é sempre uma grande aliada. Não chego a ser um fã incondicional da arquitetura moderna (não peçam minha indelicada opinião sobre as obras de Niemeyer), mas reconheço que Mies van der Rohe tinha lá suas boas razões para considerar que less is more - princípio que sigo ao pé da letra quando se trata de análise técnica. É por isso que meus leitores não encontram neste blog análises diárias e intraday: opero apenas no longo prazo, onde sinais de AT são muito mais seguros e permitem que as tendência realmente relevantes sejam capturadas. É por isso também que eles não encontram uma profusão de linhas de tendência, bandeiras, candles e mais mil e um indicadores técnicos sobrepostos ao gráfico.

Meu uso de indicadores técnicos é circunspecto. Jamais os utilizo para gerar sinais de entrada e saída, apenas como auxílios para interpretar os movimentos de preço, e é assim que vou proceder no post dessa semana. À esquerda temos o gráfico semanal - como sempre, não indexado e em escala logarítmica - do Índice Dow Jones. A novidade é que adicionei ao gráfico meu indicador de tendências favorito: o Moving Averages Convergence Divergence, vulgo MACD, um dos mais antigos e confiáveis indicadores da análise técnica. Uso o MACD para detectar divergência no gráfico semanal, as quais indicam possíveis pontos de esgotamento e reversão de uma tendência, como no ponto 1, onde os preços continuam a fazer novas altas enquanto e o indicador falha em acompanhá-las, gerando uma claríssima divergência de baixa. Aqui o indicador fez jus à fama de confiabilidade: a divergência foi nada mais nada menos do que o primeiro sinal da onda de baixa que teve inicio, no mercado norte- americano, em meados de 2007. Observa-se sinal semelhante no ponto 2, onde os preços continuam a fazer novos fundos, ao passo que o indicador falha em acompanhá-los, gerando uma divergência de alta que foi a primeira sinalização concreta de que um repique corretivo de maiores proporções estava próximo.

No Brasil, vemos a mesma dinâmica em ação no gráfico semanal do IBOV. O ponto 1 assinala uma enorme divergência de baixa que foi se formando entre outubro de 2007 e maio de 2008, a qual marca o início da correção técnica de grandes proporções pela qual estamos passando. Notem, todavia, que o indicador, embora confiável quando bem utilizado, não é dotado das propriedades mágicas de uma bola de cristal. O esgotamento da primeira - e possivelmente a mais severa - etapa de baixa dentro da correção, não foi marcada por uma divergência de alta, havendo apenas a confirmação - aliás, algo tardia, com é praxe em indicadores de tendência - dada pelo cruzamento da linha de sinal. É por isso que um indicador não pode ser tomado como substituto do acompanhamento da movimentação das barras de preço - a boa técnica de AT recomenda que primeiro se analise os movimento de preço e volume e depois se agregue um indicador para auxiliar na interpretação desses movimentos.

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