domingo, 26 de abril de 2009

FUTUROS - MINI na BM&F

Em tempos de baixa nos preços das ações, é natural que muitos investidores desse mercado (no Brasil chega a ser irônico fazer menção a "muitos" investidores - nem 2% da população opera com ações...) comecem a procurar alternativas para a alocação do seu capital. A maioria acaba optando por alguma modalidade de renda fixa enquanto aguarda uma melhora nas condições do mercado acionário. No geral, para quem soube sair na hora certa - i.e. no início do movimento de queda - não chega a ser uma má estratégia, pois no mínimo garante-se a manutenção do valor real do patrimônio. A questão é: no limitado leque de alternativas à disposição do pequeno e médio investidor brasileiro, há alternativa melhor, que permita um efetivo ganho de capital? Sim, há: trata-se da negociação de contratos futuros- mini via sistema WebTrading no pregão da BM&F.

Quatro contratos podem ser negociados neste sistema. Dois de derivativos financeiros - Índice Bovespa Mini (WIN) e Dólar Futuro Mini (WDL) e dois de derivativos agrícolas - estes com menor liquidez - Boi Gordo Mini (WBG) e Café Mini (WCF). Todos os contratos possuem prazos de vencimento pré-estabelecidos (no caso do WIN, por exemplo, o vencimento ocorre nos meses pares, na quarta-feira mais próxima ao dia 15 do mês de vencimento), o que exige atenção do investidor, pois os contratos em aberto são automaticamente encerrados no dia do vencimento e caso queira-se prosseguir na operação é necessário abrir uma nova posição. Apesar das opções de investimento ainda bastante restritas e da instabilidade do sistema da BM&F, que volta e meia gera problemas na colocação de ordens, existem duas vantagens nada desprezíveis na operação com os futuros mini: 1ª - Eles permitem uma grande alavancagem financeira e 2ª - É tão fácil operar na ponta compradora quanto na ponta vendedora, ou seja, o investidor ganha uma flexibilidade operacional inimaginável para quem opera apenas na BOVESPA.

Exemplificando com um contrato de Índice Mini. Cada ponto da cotação do Índice vale R$ 0,20 de modo que tomando uma cotação de 47.000 pontos, cada contrato futuro de índice mini vale R$ 9.400,00. Agora, o investidor não precisa depositar os nove mil e quatrocentos reais para adquirir ou vender um contrato, pois a BM&F exige apenas o depósito de uma margem de garantia de R$ 1.600 reais para cada contrato operado, seja na ponta comprada, seja na ponta vendida. Isso equivale à uma alavancagem de 5,8x. Imagine que você abre uma posição na ponta vendedora a 47.000 pontos e a encerra dentro de algumas semanas a 42.000 pontos (com o contrato valendo R$ 8.400,00). Você ganharia, descontadas as taxas de corretagem, pouco menos de mil reais - um ganho de 60% sobre os R$ 1.600 depositados como margem de garantia. Logicamente, inverte-se a operação em uma tendência de alta: ao invés de vender, compra-se um contrato.

Vê-se como a alavancagem é um potente fator de multiplicação dos ganhos, mas antes de se deixar levar pela empolgação é preciso observar o outro lado da moeda, pois assim como os ganhos, também as perdas são potencializadas. De fato, a taxa de mortalidade dos investidores em mercados futuros costuma ser mais alta do que no mercado de ações e a despeito das precauções das bolsas de futuros e das corretoras no que toca as exigência de margem, não é incomum a ocorrência de blow ups ( o investidor simplesmente perde tudo o que colocou na operação) motivados pela excessiva empolgação aliada à completa ignorância de metodologias de controle de risco. Portanto, futuros não são um mercado que se recomende para investidores que ainda não possuem uma sólida metodologia de trabalho e uma bem desenvolvida disciplina operacional - desenvolva-as primeiro operando em ações, onde o prejuízo é bem menor.

Há bem mais o que falar sobre os mercados futuros e suas especificidades, mas são assuntos para posts vindouros , pois vamos encerrando com uma rápida análise do comportamento recente do WDL, cujo gráfico semanal em escala não indexada encontra-se aqui ao lado. Observa-se o bem ordenado movimento de queda do dólar que se iniciou em maio de 2005 e terminou em junho do ano passado, com a chegada da crise internacional à economia brasileira. Seguiu-se um brusco movimento de alta, que levou a moeda até seu topo mais recente em R$ 2,78, atingido em janeiro do presente ano. A partir de então se formou uma congestão lateral com um suporte situado nas proximidades de R$ 2,22, o qual foi rompido no final de março. No presente, a moeda oscila entre R$ 2,25 e R$ 2,18, sendo provável que o eventual rompimento deste último patamar leve o dólar à níveis ainda mais baixos


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